Adote um Vereador: conversas cruzadas e satisfação pessoal

Por Milton Jung

 

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Foi há quase uma semana, mas ainda lembro bem de alguns assuntos. Na mesa 17 em que a turma do Adote um Vereador se reuniu, sábado passado, no café do Pateo do Colegio, havia muitas conversas cruzadas: política, cidadania, participação ativa, reclamação do prefeito, do vereador e do próprio cidadão.

 

Logo cedo chegaram pai e filho, Ary e Gabriel. O pai participa de vários grupos aqui na capital e seu objetivo é “polinizar” – levar aos outros ideias e inspirações para que se transformem em novas ideias e inspiradores. O filho estuda em Assis. E um dos programas lá no interior é visitar a Câmara Municipal para assistir ao trabalho dos 13 vereadores. Tem a ajuda de um advogado da região que aponta erros e enganos nos projetos de lei e procedimentos dos parlamentares.

 

Os dois queriam saber o que nos levava àquela mesa todo segundo sábado do mês. Satisfação pessoal, falei de bate-pronto, sem autoridade sob o grupo. É possível que os outros tenham dito coisas diferentes: cidadania, ativismo, realização, transformação .. não cheguei a ouvir bem porque, como disse, as conversas eram cruzadas.

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E nessa troca de palavras, dois santo-andreenses se identificaram: Almir de Azevedo, também novato no grupo, e Gabriel Vasconcelos, recém-chegado, que ainda não adotou ninguém, mas tem consultado nomes e participado de discussões na Câmara de São Paulo. Esteve lá na Virada Paulista. E demonstra interesse em persistir.

 

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Aliás, persistência é outra palavra que tem muito a ver com o trabalho que realizamos há 10 anos. Pois não faltaram motivos para acreditar que fazemos pouco e nossos desejos jamais se realizarão. Quantas vezes perdemos colegas que pareciam dispostos a mudar a cidade, mas desistiram da caminhada? E cada vez que um se vai, um pingo de frustração aparece.

 

Em compensação, quando fico sentado naquela mesa do Pateo do Collegio – e chego cedo para assistir a essas cenas – e vejo a chegada de um por um sinto respingos de ânimo e satisfação. Aquela satisfação pessoal sobre a qual comentei com o Ary.

 

O Alecir, a Lúcia, a Rute e a Gabriela – mãe e filha sempre ativas -, o Moty, a Silma e o Vitor, todos velhos conhecidos, e persistentes como eu, estiveram por lá e ajudaram a transformar esses respingos em uma enxurrada.

 

Confesso que, sem demérito a nenhum dos companheiros que estão há mais tempo conosco – tenho certeza que eles entenderão o que vou dizer -, a coisa fica ainda melhor na aparição de gente nova como o Ary, o Gabriel, o Almir e o Adriano de Souza, que também se aprochegou, puxou a cadeira, pediu um café e com brilho nos olhos revelou seu entusiasmo em fazer algo para melhorar a cidade.

 

Estar no Adote me traz satisfação pessoal, sim. Mesmo que a descrença teime em surgir quando enxergo nossos limites e incapacidade de organização e mobilização. E me traz essa satisfação pois toda vez descobrimos que em algum lugar, por mais distante que seja, tem alguém que ouve falar do nosso trabalho e por conta própria renova sua esperança no poder do cidadão.

A propósito, e você: por que está no Adote? Ou por que não está no Adote?