Adote um Vereador: quanto menos eles trabalham, mais nós temos trabalho

Por Milton Jung

 

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Éramos os de sempre e com algumas ausências, mas estávamos com à disposição que jamais nos faltou, mesmo diante do forte calor que fez no sábado, em São Paulo. A mesa 17, reservada para o Adote um Vereador, embaixo de uma das árvores que resistem no Pateo do Collegio, ficou tomada de água para refrescar, dúvidas para responder e ideias para serem levadas à frente. Verdade que o papo começou mais caseiro com discussões sobre o melhor jeito de passar roupa e tomar banho, havia, porém, uma boa razão: a preocupação com o gasto excessivo de luz e água em momento de carestia como estamos vivendo no Estado de São Paulo. Cada um tem seu costume e opinião, como é típico do grupo que participa direta ou indiretamente desta rede de cidadãos, seja na forma de controlar os gastos seja em quem votar no segundo turno das eleições presidenciais.

 

A eleição parlamentar foi o principal tema da nossa conversa, a começar pelo olhar do que aconteceu com os 19 vereadores e suplentes que se candidataram a governador, deputado federal e estadual. Oito passaram pelo crivo do eleitor: Goulart (PSD), Floriano Pesaro (PSDB) e Orlando Silva (suplente PCdoB) trocarão São Paulo por Brasília; enquanto Coronel Camilo (PSD), Coronel Telhada (PSDB), José Américo (PT), Marta Costa (PSD) e Trípoli (PV) se mudarão do Viaduto Jacareí, na República, para a Avenida Pedro Álvares Cabral, no Ibirapuera. Tem ainda o caso do Atílio Francisco (PRB) que é segundo suplente do senador eleito José Serra – não é nada, não é nada, sempre rola a esperança de um dia sobrar uma boquinha no Senado, haja vista Antonio Carlos Rodrigues, primeiro suplente de Marta Suplicy (PT) – coincidência, também do PR.

 

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Levando em consideração os vereadores que estavam no banco de reserva e assumirão, ano que vem, o lugar dos eleitos, de acordo com levantamento feito por Rafael Carvalho, que participa do Adote um Vereador, o PT que tinha maioria perderá um vereador e equilibrará forças com o PSDB, ficando cada um com 10 parlamentares. O PSD, de Gilberto Kassab, é quem sofrerá o maior prejuízo com a perda de três vereadores. Isto acontece porque, ao contrário de um time de futebol, em que o reserva joga na mesma equipe, na política o reserva pode ser dos partidos que formaram a coligação que, muitas vezes, estão em lados opostos na eleição seguinte.

 

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Diante das mudanças na casa municipal já se preve briga de foice pelo comando da Mesa Diretora, atualmente sob a mão forte de José Américo (PT) que vai para a Assembleia Legislativa. Com os dois maiores partidos divididos, ou sai um acordão ou lá vem o Centrão – grupo político que havia sido desarticulado há alguns anos na Câmara e tem entre seus mais proeminentes nomes Milton Leite e Antonio Carlos Rodrigues. Esse, por sinal, deve estar de malas prontas para São Paulo, pois terá de ceder a vaga de senador para a titular que precisará reforçar o time do PT no Senado com a derrota de Eduardo Suplicy.

 

Dentre outros temas conversados em nosso encontro, falamos da baixa frequência em alguns conselhos de representantes das subprefeituras, da retomada do debate sobre a proibição das sacolas plásticas no comércio paulistano e da necessidade de convencermos mais pessoas a acompanhar os vereadores, afinal quanto menos eles trabalham – e trabalharam pouco neste ano de eleição – mais temos o que cobrar.