Audiência pública discute terreno para Instituto Lula

 

Por Milton Jung

Desde a promessa do prefeito Gilberto Kassab (PSD) de ceder um terreno na região da Cracolândia, em São Paulo, para o Instituto Lula, em período no qual “namorava” com o candidato à prefeitura Fernando Haddad (PT), uma polêmica surgiu na capital paulista. Em um debate contaminado pelas convicções partidárias, cada lado defende com unhas e dentes (e pouquíssimos argumentos coerentes) sua posição a favor ou contra a entrega de 4,4 mil metros quadrados para que a instituição criada pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva levante um prédio onde deve funcionar o Memorial da Democracia. Em todas as entrevistas que fiz no Jornal da CBN para tratar do assunto, confesso, não consegui ser convencido nem por vereadores petistas nem por vereadores tucanos em relação as suas pretensões em relação ao projeto de lei. Tudo soava muito parecido com “sou a favor porque é do Lula” e “sou contra porque é do Lula”.

Foi apenas na semana que antecedeu a aprovação do projeto assinado pelo Executivo em primeira votação na Câmara Municipal, em abril, que ouvi alguma explicação mais clara sobre o que se pretende fazer com a área. De acordo com Paulo Vannuchi, diretor do Instituto Lula e ex-Secretário Nacional dos Direitos Humanos, a intenção é criar no local um museu interativo aos moldes do Museu do Futebol dedicado a resguardar a memória da luta no país pela democracia e com referências a períodos importantes da história brasileira como a abolição da escravatura e a campanha pelas Diretas. “Sempre colocando a população como personagem central”, disse Vannuchi em resposta aos que temem que o espaço se transforme uma espécie de Museu do Lula. Além da cessão do terreno, a instituição seria toda mantida com dinheiro privado, explicou. Nada disso, porém, está explícito no projeto 29/2012.

Desde a primeira votação, quando 37 vereadores foram a favor da cessão do terreno e 10 contrários, aumentou a pressão de diferentes setores da sociedade. E parte destas ações poderá ser percebida nessa quinta-feira, durante audiência pública que se realizará, a partir das 10 da manhã, na Câmara Municipal de São Paulo. O Grupo NasRuas ao lado de o Revoltados On Line que se notabilizaram pelas manifestações contra a corrupção estão divulgando uma petição eletrônica pedindo o cancelamento do projeto de lei sob a justificativa de que “a população tem o direito de escolher o que fazer com um terreno desta dimensão e que será concedido à uma instituição privada por um século”. Reclamam, entre outros aspectos, do fato de o projeto não especificar o que de fato será realizado no terreno e não ter havido concorrência pública. Você pode ler aqui a petição pública e assinar se considerá-la justa. Mas pode, também, participar da audiência na Câmara acompanhando os diferentes argumentos, interferindo na discussão e influenciando na opinião dos vereadores.