Câmara de São Paulo vive entre o atraso e o moderno na política
Por Milton jung
A Câmara Municipal de São Paulo vive um momento crucial, de definições e contradições. Os 55 vereadores que integram a casa legislativa talvez não percebam mas são personagens políticos que vivem em um cenário em ebulição. Forças modernas e retrógradas tentam marcar posição e impor suas práticas, estejam fechados em seus gabinetes ou expostos em plenário. Há pelo menos dois anos é evidente a mudança de comportamento da Casa na questão da transparência e abertura de dados com a ampliação dos serviços prestados pelo site da Câmara, transmissão de reuniões das comissões permanentes e audiências públicas e abertura de suas portas para eventos promovidos por entidades da sociedade civil. A criação da Ouvidoria, que recebe reclamações e reivindicações do cidadão, e de projetos que incentivam o desenvolvimento de ferramentas que podem tornar mais acessíveis as informações públicas também são exemplos desses avanços. Em breve, a Câmara Municipal deverá criar um Conselho de Comunicação, integrado por profissionais e especialistas no tema, que oriente e fiscalize suas políticas de comunicação.
Por outro lado, somos obrigados a assistir a cenas lamentáveis como as protagonizadas pelos vereadores Roberto Tripoli (PV), Carlos Apolinário (DEM) e Agnaldo Timóteo (PR) na sessão que aprovou, em primeira votação, a concessão de terreno público, na Cracolândia, centro da cidade, para a criação do Museu da Democracia, do Instituto Lula. Com as galerias ocupadas por manifestantes, coisa rara e desejada na Câmara de São Paulo, alguns parlamentares não tiveram equilíbrio para ouvir as críticas. Apolinário e Timóteo responderam aos gritos, enquanto Trípoli fez muito pior. O líder do governo Kassab foi tirar satisfações do grupo Revoltados Online que estava protestando. Uma das pessoas que estavam na galeria disse que foi atingida na boca pelo vereador. Ele só confirma os xingamentos. No vídeo, publicado por Obe Fainzilber, que integra o movimento NasRuas, aparecem apenas as trocas de ofensas já nos corredores da Câmara e a tentativa do presidente da Casa, José Police Neto (PSD) de apaziguar os ânimos. Há, também, a necessidade de presença da polícia que é responsável pela segurança no local.
Neste ano, o eleitor terá a oportunidade mais uma vez de escolher seu representante na Câmara Municipal de São Paulo. Nova chance que temos de elegermos pessoas que estejam comprometidas com a democracia e capacitadas a entender a importância da fiscalização do cidadão no Legislativo.