Equipamento não é usado: 'só se vê papel'

Os tablets que os vereadores ganharam em 2011 e os notebooks, de 2012 faziam parte de um pacote de ações para reduzir os gastos com papel no Legislativo, lançado pelo ex-presidente José Police Neto (PSD). Poucos vereadores, porém, usam hoje os equipamentos. A maior parte cedeu o uso para assessores e funcionários de gabinete e é raro ver algum dos equipamentos oficiais nas sessões plenárias ou nas reuniões das comissões.

A reportagem acompanhou as últimas três sessões e poucos parlamentares usavam os tablets alugados há dois anos com dinheiro público. "Eu já tinha um iPad. Quem usa o tablet da Câmara é minha assessora", afirma Floriano Pesaro, líder do PSDB. Entre os vereadores, há relatos de que equipamentos chegaram até a ser cedidos a familiares ou simplesmente deixados em casa, em vez de serem usados para substituir as pautas e outros documentos impressos.

"Eu vou dentro de um gabinete de qualquer vereador e o que mais vejo é papel para lá e para cá. Para fazer um simples requerimento, ou protocolar um projeto, eles usam papel. Continuam usando papel para falar na tribuna. Ou seja: estão gastando dinheiro público à toa alugando esses equipamentos", afirmou Cláudio Vieira, do Adote um Vereador.

Segundo ele, o problema é que vários vereadores já disseram publicamente que sequer sabem como usar o equipamento e, por isso, vão preferir continuar usando as folhas impressas. "O que mais tem é vereador deixando o tablet com o chefe de gabinete, com o filho ou com algum outro parente. Por mim, esse contrato deveria ser rescindido imediatamente. A intenção pode ser boa, mas disso o inferno está cheio", desabafou.

Críticas. O mau uso desses equipamentos também já rendeu polêmica. Em setembro do ano passado, o então vereador Zelão (PT) foi flagrado mexendo no Facebook e vendo imagens sensuais de mulheres no tablet cedido pela Câmara durante a sessão plenária pela revista Veja São Paulo. Na ocasião, o parlamentar não respondeu aos questionamentos da revista sobre a fotografia.

Outro problema relatado em 2012 foi o furto de quatro dos notebooks comprados pela Câmara Municipal no próprio plenário. Os ladrões driblaram um aparato de segurança que conta com mais de 80 policiais e 28 câmeras e levaram os equipamentos no meio da tarde. / R. B. e D. Z.