Gráfica é o principal gasto de vereador

 

Câmara de São Paulo pagou em março R$ 184,3 mil em confecção de folhetos e demais impressos de vereadores

JOÃO CARLOS MOREIRA
jcmoreira@diariosp.com.br
 
A despesa com a impressão de material gráfico é o principal gasto da maioria dos 55 vereadores da capital. Um levantamento na prestação de contas da verba de custeio a que todos os parlamentares têm direito mostra que em março a Câmara Municipal teve de gastar um total de R$ 184,3 mil para bancar o custo desse tipo de produto. O valor corresponde a 28,17% dos R$ 654,2 mil que o Legislativo reembolsou aos vereadores naquele mês, período mais recente com dados atualizados.
 
O gasto com impressão e diagramação de material gráfico é incluído na cota de R$ 17.287,50 a que os vereadores dispõem para pagar despesas em geral. Como o DIÁRIO mostrou nesta segunda-feira, o dinheiro faz parte do custo mensal de R$ 135,1 mil que a Câmara tem com o mandato de cada parlamentar. Além dos recursos de custeio, o Legislativo tem de pagar o salário de R$ 11.393 do vereador e R$ 106.452,03 como verba de gabinete para a remuneração de até 18 funcionários em cargos de confiança.
 
Correio /A impressão de material gráfico serve principalmente para divulgar a atuação do vereador. Em geral, eles confeccionam folhetos com informações sobre o mandato e jornais preparados pelo gabinete do parlamentar. O gasto de R$ 184,3 mil explica também outra despesa muito presente na prestação de contas: pagamento ao correio. Em março, a Câmara pagou R$ 78,7 mil  para o envio de correspondência dos parlamentares.
 
Para Sonia Barboza, coordenadora da ONG Voto Consciente, a impressão e o envio de material gráfico ao eleitor é uma espécie de propaganda feita pelo vereador com verba pública. “Não se justifica um gasto tão alto. Nem considero alto o salário dos vereadores, mas o custo total do mandato é excessivo. Não precisamos gastar tanto dinheiro assim”, disse.
 
O vereador José Police Neto (PSD), presidente da Câmara Municipal, considera os gastos necessários. “A verba permite que o parlamentar adapte os gastos ao perfil de seu mandato. Eu, por exemplo, não gasto com correio e gráfica, mas há vereadores que usam o material para chegar a seus representados. É justo que eles possam adequar seus gastos a esse perfil”, afirmou Neto.
 
Parlamentar econômico não vê dificuldade para  mandato
Para o vereador Carlos Apolinario (DEM), o reduzido gasto com verba de custeio não atrapalha o desempenho de seu mandato.  Ele foi o parlamentar que menos reembolso obteve em março. Segundo a prestação de contas, Apolinario gastou no mês R$ 338,57, sendo R$ 253,67 com a conta de telefone. “Consigo exercer meu mandato sem problemas. Não sou um vereador ausente, estou sempre no debate de questões polêmicas, participo da vida da Câmara. Não sou santo nem melhor do que ninguém, mas esse é o meu jeito de trabalhar”, afirmou.
 
Como não usa o carro oficial alugado pelo Legislativo, Apolinario não tem o gasto de R$ 2.331 que a Câmara paga para cada vereador. Ele também não tem despesas com combustível. Cumprindo o terceiro mandato, Apolinario disse que não vai concorrer à reeleição em outubro.
 
Desde sexta-feira, o DIÁRIO tenta falar com o vereador Souza Santos (PSD), que teve o maior gasto da verba de custeio em março, com R$ 20,8 mil. Ele não atendeu o jornal.
 
 
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