Haddad vai depender de Kassab para obter maioria na Câmara
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
FABIO LEITE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O prefeito eleito Fernando Haddad (PT) vai depender de uma bancada de vereadores sob influência do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), para atingir maioria na Câmara Municipal e conseguir aprovar projetos do governo.
Também precisará da ajuda do prefeito para eleger o presidente da Casa, em 1° de janeiro, posição estratégica para o Executivo.
A futura gestão Haddad deve ter uma base fixa de sustentação com 16 vereadores, sendo 11 do PT, quatro do PMDB, que apoiou o petista no segundo turno, e um do PC do B, partido da vice-prefeita eleita, Nádia Campeão.
Além deles, o petista deve ter o apoio dos três vereadores do PSB e do único eleito do PP, já que os dois partidos estiveram em sua coligação, e também do parlamentar do PHS, que declarou apoiou a Haddad no segundo turno.
Somados, os apoios garantiriam ao próximo prefeito 21 votos. Para obter a maioria simples de 28 dos 55 vereadores para aprovação de projetos, restariam sete adesões, exatamente o número de eleitos pelo PSD de Kassab.
Embora tenha apoiado o tucano José Serra na eleição, o atual prefeito planeja o embarque do PSD no governo Dilma Rousseff, com participação em algum ministério. O gesto deve aproximá-lo do PT na capital paulista.
Para manter influência na política municipal, o prefeito articula compor um bloco próprio na Câmara, com ao menos 15 vereadores, incluindo os quatro do PV, que também apoiou Serra.
Como a estratégia de Haddad é reproduzir na capital a base de apoio da presidente Dilma no Congresso, os dois vereadores do PRB, de Celso Russomanno, que ficou neutro no segundo turno, os quatro do PTB e os três do PR --ambos apoiaram o rival tucano-- também estão na mira.
Isso significa que Haddad pode contar com 37 vereadores em sua base. Aposta-se ainda que os dois eleitos do DEM, cabos eleitorais de Serra, possam se juntar ao grupo caso ganhem cargos.
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Matéria publicada originalmente no Jornal Folha de São Paulo