Internet terá mais peso do que a família na escolha do vereador

Por Milton Jung

Plenario da CMSP as 16 horas

Em pouco mais de um ano, o paulistano voltará a escolher o seu representante na Câmara Municipal de São Paulo e a internet irá influenciar – e muito – sua decisão. É o que se constata ao ler o estudo realizado pelo analista de pesquisa João Francisco Resende e a gerente de inteligência de mercado Juliana Sawaia, do Ibope. Os indícios e resultados apontados neste trabalho, que avaliou o comportamento do brasileiro na eleição de 2010, são claros ao mostrar o peso cada vez maior da internet na decisão do eleitor.

Um dos aspectos identificados, na comparação com o comportamento do eleitor em 2008, última vez que votamos para vereador, é que a conversa com parentes, amigos e colegas de trabalho deixou de ter influência para a decisão do voto. Enquanto, há três anos, 30% dos entrevistados disseram que foram atrás do palpite dos conhecidos, este índice caiu para 2%, em 2010. Já a internet que só influenciou o voto de 2% dos eleitores, em 2008, ano passado foi responsável pela escolha de 12%. Ou seja, o eleitor confia mais na internet do que na família para votar.

O estudo “Eleições no Brasil em 2010: comparando indicadores político-eleitorais em surveys e na internet”, do Ibope, analisou os resultados de intenção de voto e sua relação com o acesso e o uso da internet em 14 pesquisas de opinião divulgadas entre junho e outubro do ano passado. Observou-se, por exemplo, que cerca de 25% dos eleitores fazem uso da internet todos os dias, o que representa algo próximo de 27 milhões de brasileiros.

Dito isso, chega a hora de eu puxar a sardinha para o meu lado.

Há três anos, logo após a eleição municipal, fiz um convite aos paulistanos, através do programa CBN SP, que apresentei até o início deste ano, para que aproveitassem o embalo eleitoral e passassem a controlar o trabalho dos vereadores que elegeram ou escolhessem um dos eleitos para fiscalizar. Foi o que deu origem a rede Adote um Vereador que conta, atualmente, com 18 blogs, três sites e um jornal eletrônico, além de ter atuação presencial na Câmara Municipal de São Paulo assistindo às sessões de plenário, audiências públicas e comissões permanentes e especiais.

A fiscalização se estendeu a vida digital dos vereadores acompanhando o que eles publicam em seu perfil no Twitter e no Facebook, rede social na qual estão ao menos 30 dos 55 parlamentares. Perguntas e provocações são enviadas; sugestões, também. Alguns respondem, outros ignoram e há os que reclamam de volta. Por bem ou por mal, o cidadão interage com seu representante e o influencia.

Por menos valor que muitos deem ao trabalho do vereador, é preciso ter consciência de que as leis que regem nosso cotidiano são aprovadas lá na Câmara. E a sua qualidade de vida não pode ficar apenas nas mãos desses parlamentares, sem a sua interferência. Como se isto não bastasse, tudo é feito com o nosso dinheiro. E não é pouca coisa: o Orçamento da Câmara bate a casa dos R$ 310 milhões.

Ainda é tempo de você aderir a ideia. Veja quem são os vereadores da capital, escolha um deles pelo critério que lhe parecer mais justo e publique todas as informações que levantar sobre ele em um blog. Mande e-mail, tweet, telefone para o gabinete, procure saber o que ele anda fazendo (ou não anda), e compartilhe tudo isso pelas redes sociais. Não deixe de contar para que a gente possa incluir seu blog nessa rede.

Tudo leva a crer que estas informações fornecidas pelo olhar crítico do cidadão serão fontes consultadas pelos eleitores, no ano que vem. É muito provável que ao colocar o nome do seu candidato em qualquer serviço de busca, você passará por alguns dos blogs e sites do Adote um Vereador.

Além disso, tenha certeza de que o volume de dados na internet para colaborar na sua escolha será ainda maior do que nos anos anteriores. Não bastassem os trabalhos de ONGs e outras entidades como a Rede Nossa São Paulo, o Movimento Voto Consciente e a Transparência Brasil, hoje é possível, por exemplo, saber pelo próprio site da Câmara, como o vereador gasta o seu dinheiro no gabinete dele, quais as propostas que apresentou nos quatro anos de legislatura, como foi sua presença em plenário, nas comissões e audiências públicas, e como ele votou em cada um dos projetos de lei – assim pode-se analisar a coerência entre o que promete e o que faz, por exemplo.

Participe do Adote um Vereador e ajude a cidade a votar melhor. O eleitor, sob a influência da internet, tende a qualificar o seu voto, permitindo uma seleção melhor dos nossos representantes. É a minha esperança.

Fonte: Blog Adote São Paulo