Líder do PR em São Paulo ataca Serra e diz que aliança 'não tem proposta'
Inconformado, judoca Aurélio Miguel voltou a pedir CPI para o escândalo do caso Aref
Diego Zanchetta, de O Estado de S. Paulo
Um dia após o PR anunciar apoio ao candidato José Serra (PSDB), o líder da sigla na Câmara Municipal de São Paulo, Aurélio Miguel, atacou o ex-governador e prometeu se manter na oposição ao prefeito Gilberto Kassab (PSD). Nesta terça-feira, 5, o parlamentar voltou a pedir no plenário uma CPI para investigar a concessão de licenças na Prefeitura e disse que a aliança entre PSDB e PR foi feita sem base em nenhuma proposta para a cidade.
Leonardo Soares/AE
Nos últimos quatro anos, o judoca, campeão olímpico de 1988, foi o principal opositor da gestão Kassab entre os 55 vereadores paulistanos. Em 2008, foi reeleito com 50.804 votos. Fez dobradinha com a bancada do PT ao votar contra os principais projetos do governo, como a concessão de R$ 400 milhões para a construção do estádio do Corinthians em Itaquera, a construção do Monotrilho do Morumbi e a construção de um túnel até a Rodovia dos Imigrantes.
A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado em seu gabinete, no Palácio Anchieta, na região central.
O senhor vai agora continuar na oposição ao prefeito Kassab?
Você não assistiu à sessão de hoje? Eu pedi mais uma vez a CPI para o escândalo do caso Aref, e ninguém se move por aqui. Esse governo é uma vergonha. Vou continuar na oposição até o último dia. Essa aliança (do PR com o PSDB) foi feita sem base em nenhuma proposta para a cidade. O Serra tem de explicar a terceirização da Saúde, tem de explicar se ele vai mudar o que estava acontecendo dentro da Secretaria de Habitação.
Mas o senhor não vai sair candidato?
Olha, eu estou muito desconfortável. Pode ser que eu não seja mesmo candidato. Tenho minha independência. Não se muda de tendência da noite para o dia. Nenhum torcedor do Corinthians passa do dia para a noite para o Palmeiras.
O senhor também pode se eleger pelo PR e depois ir para outro partido...
Tudo é possível. O que posso assegurar é que sou independente e vou manter minha posição contra o governo. Já apresentei uma nova representação ao Ministério Público para denunciar o governo pela construção de um templo irregular da Igreja Mundial em Santo Amaro.
E se houver pressão dos líderes nacionais do partido?
Não estou nem dormindo de preocupação com isso viu.
O senhor então garante que não vai estar no palanque no Serra?
Eu estou muito inconformado. Vou seguir mostrando as falhas do governo, falar o que penso. Vou continuar fazendo meu trabalho na mesma linha, não aceito pressão de ninguém. As pessoas me conhecem.