Líder do PSD diz que maioria da sigla vai votar contra aumento do IPTU

Governo tenta obter aprovação nesta terça para evitar protestos marcados.

Caso projeto seja aprovado, seguirá para sanção do prefeito Haddad.

 

Roney DomingosDo G1 São Paulo

A líder do PSD na Câmara de São Paulo, vereadora Edir Salles, disse na noite desta terça-feira (29) que a maioria dos oito vereadores do partido deve votar contra o projeto que revisa a Planta Genérica de Valores (PGV) e provocará o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O texto deve ser votado em 2ª votação pelos vereadores ainda nesta noite.

Ela diz não temer retaliações do governo contra o partido caso essa tendência se confirme. Na votação anterior, apenas Police Neto, Marco Aurélio Cunha e David Soares votaram contra. "A proposta é,  nesta segunda votação, votar não. Não existe consenso. Creio que a maioria, pelo menos seis ou sete, deve votar contra", afirmou Sales.

Edir disse que o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, deixou a bancada livre para votar. Police, que é contra a proposta, estimula uma discussão sobre a intenção do governo de incluir a inflação no cálculo do IPTU dos próximos anos. Uma emenda aprovada na semana passada garantia que a inflação ficaria fora do cálculo.

Apesar de deserções como a do PSD, o governo tenta obter a aprovação nesta terça para evitar protestos marcados para esta quarta-feira em que o texto seria apreciado.

Nesta tarde, o plenário tinha todos os 55 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, entre eles, o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Ricardo Teixeira (PV), que se licenciou temporariamente para assumir a vaga de titular com objetivo específico de garantir o placar favorável ao governo.

Ele assumiu o lugar do suplente Marquito, que na semana passada aprovou o projeto em primeira votação, mas disse ser contra a proposta. O líder da bancada do PT, Alfredinho, afirma que o governo deve ter entre 29 e 30 votos. Para aprovar o projeto, são necessários 28 votos.

Negociações
Nos bastidores da Câmara, só se falava nesta terça-feira em negociação de cargos. Alguns vereadores de oposição confirmam que as subprefeituras e secretarias de governo são a moeda de troca pelos votos. “Um vereador que não quer votar a favor ele é conversado para ter algumas facilidades no governo, entre elas indicar cargos”, disse Gilberto Natalini (PV).

A notícia da negociação teria motivado o PSD a votar contra o projeto. “Isso aí realmente foi uma situação decisiva para nós. Não podemos jamais trocar o nosso voto por cargos. Seria assim de uma insanidade total”, afirmou Edir Salles. Percebendo que a Prefeitura tinha maioria para aprovar o aumento, a oposição partiu para os berros no plenário.

O projeto foi aprovado em primeira votação na quinta-feira (24). A primeira aprovação ocorreu após um longo dia de negociações na Câmara, pois o governo Haddad estava com dificuldade para convencer os vereadores a votar a favor do projeto. Além de diminuir os aumentos máximos, chamados de travas, a Prefeitura concordou em aumentar descontos para aposentados.

Em nota divulgada nesta tarde, o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Rogério Amato, informou que "antecipar a votação do aumento do IPTU é um golpe". A Associação dos Moradores do Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano (Ame Jardins) também divulgou nota para criticar a antecipação da votação.

Matéria publicada orginalmente pelo Portal G1/SP