Parlamentares e entidades criticam operação na cracolândia

 

A discussão sobre a operação militar na região central de São Paulo, local conhecido como cracolândia, reuniu mais de 150 pessoas nesta quarta-feira na Câmara Municipal de São Paulo. A reunião foi promovida pelas comissões de Direitos Humanos da Casa e da Assembleia Legislativa, presididas respectivamente pelo vereador Jamil Murad (PCdoB) e deputado Adriano Diogo (PT).

A ação dos policiais, batizada de Ação Integrada Centro Legal, começou no dia 2 de janeiro com objetivo de combater o crack na região central. Essa ação foi duramente criticada pelas autoridades e entidades presentes ao evento, que a classificaram de “brutal” e “higienista”.

Para o vereador Jamil Murad (PCdoB), a sociedade deve se unir para buscar uma solução para os problemas relacionados com as drogas naquela região. “Todos os poderes, as instituições de saúde, de assistência social e a sociedade civil precisam trabalhar para colocar um freio nesta situação. A ação da polícia foi truculenta, isso não pode ser aceito da maneira como foi realizada”, considerou.

O deputado Adriano Diogo classificou a ação policial na região como “fora de padrão” e “tresloucada”. “Nada justifica essa ação, uma atitude teatral nos moldes das ações que a polícia faz quando toma os morros no Rio. É uma covardia”, disse.

Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara, o vereador Ítalo Cardoso (PT) também se manifestou contra a ação realizada na região. “É um crime o que está acontecendo em São Paulo. Não podemos permitir isso. Precisamos chamar a atenção dos poderes Municipal, Estadual e Federal para a situação”, disse. O vereador sugeriu a criação de um documento público denunciando os abusos cometidos no local, que deverá ser encaminhado para todos os órgãos defensores de direitos humanos em todo o mundo.

Para o Defensor Público Carlos Weis, coordenador do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria de SP, a operação policial na região central viola o direito dos cidadãos. “Somos favoráveis a soluções que busquem o bem estar da população. Mas não podemos compactuar com situações em que a segurança pública se distancia dos direitos humanos”, ponderou.

O defensor disse ainda que a instituição está com uma unidade móvel no centro de São Paulo para orientar todas as pessoas que estão passando por essa situação.

“A ação dos policias foi truculenta. Sumir com os usuários sem oferecer o tratamento adequado não resolve o problema. Isso é um retrocesso na ação social”, afirmou o Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo.

Fonte: Portal da CMSP