Prefeito aceita de bom grado aumento do próprio salário

 

Sem restrições nem vetos, o prefeito Bruno Covas sancionou o reajuste de salário que os vereadores de São Paulo concederam a ele, ao vice-prefeito e aos secretários municipais —-  o aumento também vai impactar no teto salarial do funcionalismo público, portanto você pode esperar mais gastos pela frente. 

 

Depois de duas votações na Câmara, 34 vereadores votaram a favor do aumento de 46,6% em média que passa a valer no dia 1º de janeiro de 2022. 

 

A justificativa da Câmara —- aceita de bom grado pelo prefeito —- é que o último reajuste foi em 2012 e a inflação acumulada no período chega a 63,11% pelo IPCA e 100,41% pelo IGP. Ou seja, os vereadores ainda “vendem” a ideia de que fizeram um favor para a cidade em aumentar só em 46,6%.

 

O salário do prefeito passará de R$ 24.175,00 para R$ 35.462. O salário do vice ficará 47% maior e o dos secretários municipais, 53% maior. Aqui não cabe a discussão se o que receberão está de acordo com a função que exercem.

 

As perguntas que fazemos: 

 

  • Quem ganhou este aumento salarial em um ano tão difícil como foi 2020? 
  • Quanto aumentou a arrecadação da cidade neste ano? 
  • Qual a projeção de aumento de arrecadação para o ano que vem?

 

São Paulo teve gastos extras em 2020 para combater a Covid-19 e terá de desembolsar ainda mais para superar essa crise que se estenderá por todo ano de 2021. Setores da saúde terão de ter reforço para suportar a pressão por seus serviços. As escolas precisarão ser adaptadas para as novas normas sanitárias.  O custo de vida será maior.

 

Faltou sensibilidade política e humanitária à Câmara Municipal de São Paulo —- especialmente aos 34 vereadores que votaram a favor do reajuste. Assim como faltou para o prefeito que poderia primeiro ter desestimulado os vereadores a colocarem o projeto de lei em votação e, depois, poderia ter vetado o PL. Não fez nem uma coisa nem outra, o que revela que ficou bem feliz em ter uma aumento de salário em um período de carestia como o que São Paulo vive e virerá diante da pandemia do Coronavírus e seus impactos.