Prefeitura: não há garantia de que os R$ 420 milhões para o Corinthians voltarão para São Paulo

Secretário Marcos Cintra diz que estimativas foram feitas para justificar o projeto

O secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Marcos Cintra, disse nesta sexta-feira (24) que não há garantia de que os R$ 420 milhões em incentivos para Corinthians retornarão para a cidade. A declaração foi dada logo após a primeira audiência pública sobre o projeto, realizada na Câmara Municipal.

Defensor do pacote de incentivos, Cintra fez apresentação para tentar provar que dar R$ 420 milhões em incentivos para o Corinthians construir o estádio em Itaquera será bom para a cidade. 

O secretário falou que estimativas mostram que nos próximos nove anos serão geradas receitas de R$ 900 milhões, direta e indiretamente, para os cofres publicos. 

Só que na hora de provar que a afirmação faz sentido, Cintra não teve argumentos para mostrar que a cidade terá mesmo o retorno do valor investido. Disse ainda que as estimativas foram feitas apenas para justificar o repasse. 

- Nada é garantido. Essa é uma estimativa que estamos fazendo para poder justificar esse projeto. Estimamos que esse tipo de investimento gera efeitos multiplicadores. 

Risco 

Outro defensor do projeto, o vereador Dalton Silvano (sem partido) também se enrolou na hora de defender os incentivos ao Fielzão. Ele falou que é arriscado comprar os CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) que serão emitidos para o Corinthians. 

- É muito arriscado para quem for comprar o certificado. 

Foi de Silvano a ideia realizar no meio do feriado a primeira das duas audiências públicas obrigatórias do projeto. Segundo o vereador, integrante da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) há pressa na prefeitura para que o pacote seja aprovado antes do recesso parlamentar, que começa em 1º de julho.

“É uma vergonha a preparação do Brasil para a Copa”, diz Aurélio Miguel

- Nós temos prazo. A urgência é que nos forçou a estar aqui. A Fifa vem ao Brasil e temos até 10 de julho para mostrar que é viável a abertura da Copa em São Paulo. Se precisar, vamos trabalhar no recesso. 

Oposição ao projeto deixa vereadores constrangidos 

O plenário da Câmara Municipal estava cheio de defensores do pacote de incentivos ao Fielzão. Entre muitos argumentos desencontrados, ninguém conseguiu provar objetivamente que haverá retorno significativo para a cidade caso o Corinthians consiga construir o estádio para a abertura do Mundial de 2014. 

Logo após as esplanações dos vereadores, o público presente ao plenário teve a oportunidade de se manifestar. Um dos primeiros a falar foi o servidor público municipal Rafael Rodrigues, que deixou os os defensores do projeto constrangidos. 

Antes de começar sua fala, Rafael jogou a Constituição Brasileira no chão. Ele carregava o livro nas mãos e abandonou o documento logo que pegou o microfone. Indignado, o servidor público, que não é filiado a nenhum partido, se dirigiu aos políticos presentes e criticou publicamente o que foi falado na audiência pública. 

- É investimento bom para quem? É muito dinheiro para dar para empresas e construtoras que já são multimilionárias. Isso só vai fazer as pessoas ricas ficarem mais ricas ainda. Esse dinheiro é público e deveria estar indo para a população. Os argumentos de vocês estão misturados.
 
 
Os vereadores que falaram depois tentaram de todas as formas desfazer o discurso de Rafael, que impressionou os presentes. Nenhum, porém, conseguiu mostrar ao rapaz argumentos que o fizessem mudar de ideia.

Tramitação 

O Projeto de Lei 288/2011 foi lido na sessão plenária da última terça-feira (21) e encaminhado no mesmo dia à CCJ para avaliação de sua legalidade e constitucionalidade. 

O vereador Aurélio Miguel (PR) pediu vista do projeto e recebeu, de acordo com o Regimento Interno da Câmara, um prazo de dois dias para estudar o texto. Dessa forma, o projeto voltará à pauta da comissão na reunião da próxima terça-feira (28). Se nenhum outro parlamentar pedir vista da matéria, ela deverá ser levada para primeira votação em plenário ainda na terça.
  

Quanto vale o Fielzão? 

Fonte: Portal R7