Ricardo Viana, integrante do Adote Um Vereador, entrevistou a vereadora Aline Cardoso - PSDB

Ricardo Viana é integrante do Adote Um Vereador e acompanha o mandato da Vereadora Aline Cardoso na Câmara Municipal.


Nesse mês de fevereiro de 2017, fizemos uma entrevista exclusiva com a vereadora Aline Cardoso.

Conversamos sobre vários temas, mas falamos especialmente de seus projetos para São Paulo e planos para o mandato.

Leia a entrevista logo abaixo:

Ricardo Viana, Movimento Adote um Vereador - RV: Olá, Aline! Em primeiro lugar, gostaríamos de conhecer um pouco da sua trajetória até chegar ao cargo de vereadora.

Vereadora Aline Cardoso - AC: Eu sempre gostei de política, desde os 10 anos de idade. Comecei a militar no PSDB a partir dos 17 anos e o meu primeiro emprego foi como assessora de um vereador, aos 18 anos, após ter auxiliado esse candidato durante a sua campanha. Fiquei por quase 3 anos nessa função e depois, resolvi estudar fora do país, onde fiquei por mais de 3 anos na França.

Após retornar, trabalhei por 5 anos com politicas públicas de fomento e apoio à transformação da sociedade na secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.
Ali, me realizei bastante, mas também sofri algumas decepções, por conta das limitações da função.

Então, resolvi sair e me envolvi na vida privada, onde fundei minha empresa, que administrei por 9 anos e da qual só me afastei agora para assumir o cargo de vereadora.

Em 2014, presenciando as manifestações e toda a necessidade de novas lideranças que a sociedade exigia, percebi a minha possibilidade de colaborar e voltei a participar da política. Daí, no final de 2015, comecei a me preparar para uma candidatura, que veio em 2016.

RV: Quais serão as suas principais pautas para o ano de 2017?

AC: Esse é um grande desafio que a gente tem, por conta da variedade de temas que cobrimos!
Sem dúvida, as principais pautas são educação, sustentabilidade, desenvolvimento econômico (capacitação para o trabalho, empreendedorismo, tecnologia e inovação) que são temas para potencializar a vocação econômica de São Paulo. Dentro desses temas, dá para aprofundar algumas outras questões, como por exemplo, na área de desenvolvimento econômico, podemos atuar na área de economia criativa, que pode colaborar na geração de empregos na cidade.

RV: Qual é o projeto de lei prioritário para a senhora?

AC: Hoje estamos mais preparados para avançar com o projeto da TecSampa, uma política de fomento à tecnologia e inovação na cidade. Existem muitas vagas de emprego abertas nessa área e falta gente qualificada, falta uma política de capacitação. Além disso, muitas empresas podem gerar vagas nessa área, mas não são incentivadas a isso. Os jovens têm potencial criativo muito grande, mas não encontram respaldo na política da cidade para abrir uma startup e desenvolver esse talento.

Dado todo esse cenário e também por conta do momento de crise, essa deve ser a nossa primeira política a encampar aqui na Câmara, para ajudar a corrigir os problemas da cidade nessa frente.

RV: Como a sra. compôs o gabinete? Qual foi o critério utilizado? Teve alguma política de diversidade utilizada?

AC: O meu mandato tem compromisso com alguns territórios e alguns temas. Eu tentei montar o meu gabinete considerando essas duas vertentes. O critério de contratação não foi participar ou apoiar a minha campanha, mas ter qualificação dentro dos temas que o meu mandato abrangerá ou estar alinhado com o território onde estou mais ligada.

Em termos de diversidade, procurei considerá-la na montagem do meu gabinete, mas ainda não consegui chegar no estágio que gostaria. No entanto, a equipe ainda não foi fechada totalmente.

RV: Qual é o critério que você utilizará para os gastos do seu gabinete?

AC: Acredito que não seja somente utilizar o critério de menor preço, mas o custo/benefício de cada investimento que é feito. Vou procurar fazer o mínimo de gastos, gerando o resultado que seja mais eficiente. Porém, não adianta contratar um prestador de serviços barato que tenha uma qualidade ruim, para o qual depois seja necessário fazer uma nova contratação para solucionar o problema.

Por outro lado, perante dois serviços de qualidade similar, não vou deixar que contratemos o serviço mais caro. Temos de avaliar o custo/benefício em todos os contratos.

Por exemplo, após muita reflexão, eu decidi ter um carro oficial, pois percebi que o custo/benefício de não ter um carro oficial seria muito alto. O meu principal território é a Brasilândia. Ao ir visitá-la, diversos taxistas se recusaram a ir para aquela região. Em outro local que visitei, tentei pedir um Uber, mas o serviço é bloqueado, por questões de segurança e eu não conseguia fazer uma solicitação.

Daí, ficou evidente que o carro oficial traria alguns benefícios importantes: é um meio seguro de locomoção, além disso posso usar o tempo no carro para ir produzindo, contatando munícipes, conversando com secretários...Como a minha realidade envolve muitos deslocamentos até a minha base, esse custo acaba sendo benéfico para uma maior eficiência do meu mandato.

RV: Você assinou alguma carta - compromisso ao longo de sua campanha?

AC: Sim, programa Cidades Sustentáveis.

RV: Qual a sua relação ou como pretende se relacionar com a Prefeitura?

AC: O prefeito e eu somos do mesmo partido, temos um bom diálogo, muitas ideias que eu apresento tem sido ouvidas.
Tenho buscado cultivar uma relação de parceria, mas não de submissão, levando em conta sempre o que for melhor para a cidade!

Vou exercer a liberdade de discordar daquilo que não concordo, como fiz em relação à montagem do secretariado, com apenas 3 mulheres em 22 pastas, além de nenhuma presença feminina nas empresas municipais.

 

Vereadora Aline Cardoso discursando na Vila Brasilândia (Fonte: Facebook Aline Cardoso)


RV: Como a sra. pretende fiscalizar o trabalho da Prefeitura?

AC: Já iniciei nesse começo de mandato um processo de fiscalização, visitando equipamentos públicos municipais. Nessa experiência, encontrei coisas boas e ruins. As coisas ruins relatei aos secretários para que as providências fossem tomadas.
Aconteceu isso na EMEF Milton Campos, que estava em péssimo estado de conservação. Contatei o secretário de Educação para providências e tenho acompanhado a evolução da situação, junto ao secretário e ao diretor da escola.

Acredito que esse é o principal canal disponível! Ainda não sei se teremos outro meio burocrático para fiscalização e não vejo como poderia funcionar bem. A melhor maneira é verificar presencialmente as situações e contatar os responsáveis para buscar uma solução!

RV: A Sra. vai criar algum instrumento para que os cidadãos tenham acesso ao seu mandato?

AC: Sim, os dois principais instrumentos são a "Segunda Paulistana", um encontro mensal na Câmara onde fazemos um chamamento para as pessoas participarem de discussões sobre a cidade e o aplicativo "SagaCidade", para as pessoas mandarem críticas e sugestões, contribuindo tanto no conhecimento dos problemas da cidade como na idealização de soluções.

Além disso, os canais de redes sociais estão bem ativos e temos interagido com os munícipes, que têm nos procurado muito e nós temos respondido.

RV: Como funciona o aplicativo SagaCidade?

AC: Criamos uma rede social urbana, onde as pessoas dizem os bairros onde moram e os temas que ela gostam. Elas postam problemas, sugestões ou comentários de assuntos urbanos relacionados ao bairro/tema que estão conectados e os outros usuários vão reagindo a isso.

As pessoas não escolhem seus amigos, mas são relacionadas com outras pessoas do mesmo bairro ou tema onde possuem interesse. Cria-se então um espaço de debates virtual com pessoas ligadas àquele tema e território. A ideia é que os próprios cidadãos sejam os atores principais desta relação.

RV: Atuo na área de Assistência Social, especialmente com crianças e jovens. Vejo uma destinação incorreta dos recursos públicos, onde ações eficientes recebem pouco recurso público, enquanto outros serviços recebem grande aporte e não são tão bem-sucedidos em suas funções.
Quais ações são viáveis para que a prefeitura implemente mais ações efetivas nas periferias?

AC: É necessário se preocupar com uma formação mais completa do jovem e da criança. Ter uma política de ocupá - los de maneira construtiva ao longo do dia e formá-los cidadãos é fundamental.

Cheguei a dialogar com algumas instituições que administram unidades de CCAs e CJs que me disseram ter vagas sobrando para alguns cursos em regiões com grande número de jovens. Daí, fiz um pequeno estudo e descobri que há um descompasso entre oferta e demanda, pois há o oferecimento de cursos que não interessam ao jovem. Por isso, vagas ficam abertas e o jovem está na rua, sem ser formado e até correndo o risco de ser atraído pela marginalidade. Esse é um exemplo típico de mau uso do dinheiro público.

Por isso, mais do que  "quanto" dinheiro é investido, importa perceber "como" é investido .
Os projetos precisam ser bem adequados para a realidade! É necessário fazer um estudo, observando quais são as necessidades reais do jovem e em seguida, aplicando os recursos de maneira eficiente.

De preferência, os recursos devem ir principalmente para políticas estruturantes, de modo a prevenir problemas futuros e evitar que mais à frente, tenhamos tantos recursos destinados a políticas emergenciais.

RV: Quais serão os seus dois principais desafios até 2020?

AC: Eleger uma prioridade e abrir mão de certos projetos vão ser grandes desafios de aprendizado até 2020.

Tenho muita coisa para fazer! A estrutura que temos para cobrir esses desafios não é tão grande assim e sou muito apaixonada pelos temas e territórios com os quais estou envolvida. Acredito que para resolver alguns problemas de SP, precisamos ter várias frentes de trabalho simultâneas, de modo que é muito difícil deixar algum de nossos temas de atuação de lado.

RV: E a sua opinião sobre voto distrital?

AC: Acho que é fundamental e seria um mecanismo para melhorar a relação entre representante e representados. Infelizmente, enquanto a decisão da reforma política e eleitoral estiver nas mãos de quem se beneficia dessa realidade, o cenário dificilmente vai mudar, porque muita gente que está no poder não tem interesse em mudar o sistema.

Eu gostaria que o sistema mudasse, pois facilitariam as demandas, o acompanhamento e a cobrança por parte do eleitor.
No entanto, vale ressaltar que a mudança de sistema não é algo mágico! É importante que a população se engaje e acompanhe o representante para que qualquer sistema político possa funcionar melhor!