Três vereadores usam um terço de toda a verba de correio da Câmara de SP

Matéria publicada originalmente pelo Portal G1

Adilson Amadeu (PTB), Paulo Frange (PTB) e o suplente Abou Anni (PV) gastaram juntos R$ 456,4 mil. Eles dizem que envio de correspondência a eleitores é parte do trabalho.

 
Um terço de todos os gastos da Câmara Municipal de São Paulo com correio em 2017 esteve na conta de apenas três vereadores, segundo informou o SP2. Ao todo, os três gastaram quase R$ 456,4 mil, usados principalmente no envio de mala direta. Os demais parlamentares gastaram em média R$ 17 mil em um ano.
 
O levantamento do SP2 foi feito através da Lei de Acesso à Informação. Os três vereadores que mais gastaram foram Adilson Amadeu (PTB), Paulo Frange (PTB) e o suplente Abou Anni (PV), que não está mais exercendo o cargo.
 
O primeiro colocado no gasto com correio foi Adilson Amadeu (PTB), que usou quase 70% da verba de gabinete para mandar material de divulgação. Ao todo, foram R$ 166,7 mil.
 
“Se eu sou o primeiro, o que tô gastando mais em postagem, eu fico até honrado e agradecido, porque os meus eleitores recebem, sim, a minha correspondência. Comprovada, com nota fiscal, com tudo o que tem de direito”, declarou Adilson Amadeu (PTB).
 
No gabinete, o parlamentar mostrou alguns dos panfletos que distribui, incluindo projetos de lei, mensagem e recados de felicitações, alguns com a foto do parlamentar. Ele disse distribuir “todo mês” mensagens de parabéns. “A minha verba é dentro da lei. Vocês [imprensa] tem que fazer o papel que vocês estão fazendo e eu faço o meu com o meu eleitor”, completou.
 
A reportagem questionou o vereador sobre se ele considera autopromoção o tipo de conteúdo que manda para eleitores. "Autopromoção, não sei por que. Eu trabalho em cima da minha imagem. a minha imagem é o Adilson Amadeu, que teve 67 mil votos, que defende a população", declarou.
 
O segundo no ranking foi o vereador Paulo Frange (PTB). Foram R$ 153,5 mil ao todo. Ele deu como exemplo o uso de material sobre o Hospital da Brasilândia, que, segundo ele, é uma bandeira que carrega há 20 anos. Além disso, citou o uso de correio para datas comemorativas
 
“Nós mandamos correspondência para essa população [da Brasilândia], nós mandamos correspondência de aniversário pra essas pessoas que mantem contato conosco, Isso também faz parte do nosso trabalho”, explicou Paulo Frange (PTB). 
 
Questionado se considera o gasto “razoável”, ele disse que “sem dúvida”,
 
O terceiro lugar foi para um suplente. Em apenas oito meses como vereador, Abou Anni (PV) gastou R$ 136,2 mil no envio de material de divulgação. Como não está mais na Câmara, ele disse, por telefone, que usou os panfletos para divulgar projetos de lei e outras correspondências.
 
“Datas comemorativas, também enviava, sim! Eventualmente, mas enviava! Mas mais, no caso, as questoes politicas”, afirmou Abou Anni (PV).
 
Como a Câmara e especialista veem o caso
 
Cartilha da Câmara Municipal distribuída aos gabinetes informa que “a publicidade dos atos dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores”.
 
A presidência da Câmara disse que cada vereador tem responsabilidade pelo conteúdo da mala direta porque o sigilo postal é garantido pela Constituição.
 
Para o professor de Ciência Política da FGV Marco Antonio Teixeira, é preciso que esse tipo de correspondência mencione a atividade parlamentar. “Aquilo que, de certa forma, busca, sem fazer nenhuma menção à atividade parlamentar, divulgar a figura do parlamentar, se configura autopromoção. E, obviamente, que com objetivos eleitorais”, disse.
 
 
 
Um terço de todos os gastos da Câmara Municipal de São Paulo com correio em 2017 esteve na conta de apenas três vereadores, segundo informou o SP2. Ao todo, os três gastaram quase R$ 456,4 mil, usados principalmente no envio de mala direta. Os demais parlamentares gastaram em média R$ 17 mil em um ano.
 
O levantamento do SP2 foi feito através da Lei de Acesso à Informação. Os três vereadores que mais gastaram foram Adilson Amadeu (PTB), Paulo Frange (PTB) e o suplente Abou Anni (PV), que não está mais exercendo o cargo.
 
O primeiro colocado no gasto com correio foi Adilson Amadeu (PTB), que usou quase 70% da verba de gabinete para mandar material de divulgação. Ao todo, foram R$ 166,7 mil.