Vereadores criticam rejeição da CPI do Hospital Sorocabana

RenattodSousa
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A proposta de criação de uma CPI para investigar supostas irregularidades no uso do dinheiro público no Hospital Sorocabana não ficou entre as três aprovadas pela Câmara na quarta-feira (28), mas ainda gera manifestações no plenário.

Nesta quinta, o vereador Carlos Neder (PT) foi à tribuna criticar a não aprovação da comissão, que ele atribui a interesses do Poder Executivo. Para Neder, não seria conveniente para a Prefeitura e os partidos da base de apoio ao governo, em ano eleitoral, investigar possíveis desvios de dinheiro público na entidade.

“O governo do estado e a Prefeitura têm auditorias atestando que desde 2008 já era sabido que o hospital estava se inviabilizando”, reclamou Neder. “Em que pese isso, foi dada anuência para que a Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana e um sindicato que traiu a categoria dos antigos trabalhadores da FEPASA usasse o hospital para usar recursos públicos e privados.”

Com boa parte dos atendimentos realizada pelo Sistema Único de Sáude (SUS), o hospital apresentava problemas financeiros há vários anos e foi fechado em 2010. No ano passado, o Governo do Estado obteve na Justiça a reintegração do imóvel onde funcionava o Sorocabana, cedido na década de 50, sob a condição de funcionar como instituição beneficente de saúde.

Durante o processo de votação da CPI, outros vereadores manifestaram preocupação com a possibilidade de a investigação sobre o Hospital Sorocabana não ser aprovada. Aurélio Miguel (PR) avaliou que as comissões que contaram com apoio da maioria dos parlamentares vão se debruçar sobre temas de menor importância.

“É lamentável deixarmos de lado assuntos tão importantes como o problema do Hospital Sorocabana, que engoliu R$ 200 milhões em recursos públicos, e o das Outorgas Onerosas, que provocou um rombo de pelo menos R$ 90 milhões”, declarou o vereador.

Muitos vereadores justificaram a oposição à CPI do Sorocabana porque os trabalhos impediriam a abertura de duas unidades de Atendimento Médico Ambulatorial (AMAs) no local onde funcionava o hospital.

“Hoje com a entrada de uma CPI para apurar fatos que ocorreram há 10, 20 anos, esse processo de reabertura vai parar”, opinou Eliseu Gabriel (PSB) logo após a votação. “Se for para ter a CPI, o que eu sou a favor, ela tem que ser feita mais para frente.”

Nesta quinta, o problema envolvendo a instituição de saúde também foi abordado pelo vereador Wadih Mutran (PP). Ele afirmou que alertou os governos federal, estadual e municipal sobre o assunto, através de correspondências, mas que nada foi feito a respeito.

“Todos disseram que não tinha problema nenhum”, disse o vereador. “Se a Prefeitura punha dinheiro lá, queria saber onde está o dinheiro. E acabei aceitando, na época, que não caberia CPI porque é uma empresa particular.”

No entanto, Mutran diz ser contra a investigação nesse momento. “Se disseram pra mim que não podia fazer CPI, como é que eu vou apoiar outra CPI agora?”, justificou.

Fonte: Portal da CMSP