Vereadores de São Paulo indicam previsões para 2023; orçamento será 16% maior em relação ao ano passado

Por: Ronaldo Oliveira

Às vésperas dos 469 anos da Cidade de São Paulo, o Adote um Vereador questionou aos representantes públicos eleitos em 2020 e suplentes que ocupam os cargos na Câmara Municipal de São Paulo, quais são as perspectivas para 2023. A indagação foi feita a todos os representantes da Casa e contou com a citação de 19 dos 55 Vereadores.

O expediente com votações no plenário será retomado no próximo dia 02, quinta-feira. O orçamento de 2023 totaliza R$95,8 bilhões, 16% maior em comparação com 2022.

Tema: "O que acredito ser prioridade em 2023 para a Cidade de São Paulo".

Veja as respostas, que contou com o apoio do jornalista Bruno Hoffmann, da Gazeta de São Paulo, no contato com as lideranças.

Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de São Paulo:

"O principal desafio para 2023 é continuar investindo para reduzir as desigualdades e atender aos mais pobres, como a Câmara em parceria com a prefeitura tem feito. No ano passado aprovamos projetos importantes na área social, de combate à fome, atendimento às pessoas em situação de rua. A habitação de interesse social, para as pessoas mais carentes, será o nosso foco na Câmara nas votações importantes que teremos ao longo deste ano, tanto no caso dos PIUs (Projetos de Intervenção Urbana) como na revisão do Plano Diretor".


Antonio Donato, vereador e eleito deputado estadual.

Fui eleito deputado estadual e assumo o mandato em 15 de março. Feita a ressalva, acredito que a revisão do Plano Diretor Estratégico precisa ser bem acompanhada. A proposta do Executivo deve chegar à Câmara Municipal em março e a atual gestão já deu sinais de que quer mudar o PDE em favor do mercado imobiliário, sem se preocupar com a qualidade de vida da população. A revisão é para avaliar o que não deu certo e propor ajuste; não é para mudar radicalmente o PDE. Apesar do aumento da miséria e de milhares de pessoas (inclusive famílias) viverem em situação de rua, os recursos para assistência social na gestão Ricardo Nunes não acompanharam a expansão das receitas da cidade. Por fim, é preciso ficar de olho no plano anunciado pelo prefeito de implantar tarifa zero no transporte coletivo. Somos favoráveis à medida, mas até agora a Prefeitura não detalhou como isso será feito. Até agora o anúncio parece mais uma manobra eleitoreira, já que o prefeito é candidato à reeleição em 2024.

 

Adilson Amadeu, vereador pelo União Brasil:

"Nossa cidade terá muitos desafios pela frente neste ano. Teremos a discussão do Plano Diretor na Câmara e é de extrema importância que a sociedade civil organizada compareça às audiências públicas para que possamos construir juntos a São Paulo do futuro que queremos. Já na área de mobilidade, temos que debater uma nova regulamentação para os aplicativos de transporte e do setor de motofrete. Outro ponto crucial, que finalmente realizemos o estudo de uso do viário para que tenhamos dimensão dos problemas na área de trânsito e transportes em nossa cidade, algo tão vital ao paulistano".

 
  

Alessandro Guedes, vereador pelo PT:

"Em minha concepção, a geração de renda e o combate à pobreza da nossa população periférica na capital paulista constituem um grande desafio, e, portanto, a prioridade, neste ano de 2023. A situação hoje é muito pior que em 2003, com elevação da fome, do desemprego, declínio da massa salarial e precarização do trabalho".


Arselino Tatto, vereador pelo PT:

"Para o ano de 2023, a Cidade de São Paulo apresenta muitos desafios. Juntamente com o restante do nosso país, nossa tarefa é a luta pelo fortalecimento da Democracia e união de todos os brasileiros. Nesse sentido, pretendo utilizar o mandato que me foi outorgado para trabalhar em projetos de lei que promovam ações de educação em direitos humanos e construção da democracia.  Continuarei a acompanhar a proteção aos animais e lutar pela construção de hospitais veterinários públicos e gratuitos em todas as regiões da Cidade. Saúde e educação também serão minhas prioridades. E vou me dedicar ao debate do projeto de lei de Revisão do Plano Diretor a ser enviado à Câmara Municipal pelo Prefeito, e que irá definir as regras para o nosso desenvolvimento urbano".

Celso Giannazi, vereador pelo PSOL:

"Em uma cidade tão rica como São Paulo e ao mesmo tempo com tantas desigualdades, as prioridades principais são: Implementar políticas públicas que tirem a população mais pobre da invisibilidade e as coloque no orçamento da cidade. Mais investimentos em Educação para que os bebês, crianças, jovens e adultos (EJA) tenham direito a uma escola pública, gratuita e de qualidade. Revogação do confisco de aposentadorias e pensões dos servidores que recebem abaixo do teto do Regime Geral da Previdência Social (RGPS)".

Cris Monteiro, vereadora pelo Novo:

"O maior desafio que vejo para 2023 é a condição das pessoas em situação de rua, assunto que anda muito próximo com a zeladoria do município. Precisamos olhar com mais afeto e criar uma cidade mais acolhedora para todos. Além deste tema importante, também temos que tapar os buracos, cuidar das nossas árvores e parques, e consertar os semáforos quebrados, que impactam muito a vida dos cidadãos. São temas que temos que debater urgentemente e que estão no Plano Diretor, marcado para ser discutido na Câmara de Vereadores neste ano".


Daniel Annenberg, vereador pelo PSB:

"A inclusão social é prioridade absoluta para a cidade de São Paulo, pois seu maior problema hoje é a enorme desigualdade em que vivemos. Por isso, é importante melhorar o acesso da população mais vulnerável à educação, à saúde, a áreas verdes, a equipamentos culturais e esportivos. E, neste sentido, promover a inclusão digital é uma das formas de combater a desigualdade social, pois tem a ver com acesso a empregos, a informações sobre serviços públicos, acesso à cultura, a possibilidade de assistir aulas e mesmo de conseguir o auxílio emergencial do governo".

 

Delegado Palumbo, vereador e deputado federal eleito pelo MDB:

"O principal desafio para para os gestores da cidade de São Paulo é diminuir o número de assaltos e furtos por toda cidade, diminuir a quantidade de moradores em situação de rua e a acabar com a cracolândia no centro de São Paulo, o que faz do centro da cidade um dos locais mais perigosos da capital paulista".

 

Eduardo Suplicy, vereador e deputado estadual eleito pelo PT:

"Creio que um dos maiores desafios da cidade de São Paulo é enfrentar o problema do número crescente de moradores em situação de rua e inclusive daqueles que estão na chamada Cracolândia. Faz-se necessário um estudo bem feito multidisciplinar de como resolver a situação. Por isso, criamos um Grupo de Trabalho das Comissões de Direitos Humanos da CMSP e da ALESP que continuará se reunindo".


George Hato, vereador pelo MDB:

"A Saúde deve ser prioridade sempre. Uma cidade complexa e populosa como a nossa necessita de um direcionamento de recursos que contemple todos que dependem da rede pública, com um serviço humanizado, que acolha o paciente e dê um tratamento digno. Crescemos muito em 2022 através do programa 'Avança Saúde SP' e tenho certeza de que esse ano também teremos grandes conquistas nessa área. Além disso, avalio ser fundamental a criação de novos empregos e novos modelos de negócio que movimentam a economia, principalmente nas regiões periféricas. O prefeito Ricardo Nunes tem feito um trabalho significativo nesse sentido, inclusive priorizando e dando oportunidades aos mais vulneráveis. O apoio ao esporte, que considero uma ferramenta fundamental para transformar o futuro de crianças e jovens, é outro tema que deve crescer bastante, tendo em vista que a gestão atual destinou cerca de 130 milhões para o setor, o maior investimento da história do município. Acredito que a cidade de São Paulo terá muitos motivos para comemorar em 2023".

 

Jair Tatto, vereador pelo PT:

"Hoje exerço meu terceiro mandato na Câmara Municipal de São Paulo, e denuncio o quanto é alarmante ver a quantidade de pessoas em situação de rua e famílias inteiras sem teto e fadadas à insegurança alimentar. Minha prioridade para 2023 é contribuir na criação de políticas públicas na questão estrutural da habitação coletiva da Cidade de São Paulo. Segundo a prévia do censo de 2022, a população da cidade de São Paulo chegou a 12 milhões de pessoas. Entendo que o diálogo respeitoso e a pluralidade são fundamentais para construirmos uma sociedade mais justa para todos e todas".

Juliana Cardoso, vereadora pelo PT:

"Entendo que é a reconstrução do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) para atender a população em situação de rua e as crianças. As ruas são espaços de violação de direitos humanos e de extremo risco. São necessárias políticas públicas com mediações para o retorno ao convívio familiar e comunitário. Os serviços de acolhimento não podem ser espaços de segregação, isolamento e discriminação, mas de convívio".


Luana Alves, vereadora pelo PSOL:

"Os dois últimos anos de gestão costumam ser marcados por investimentos bastante pesados, justamente para visar a reeleição. Não foi diferente com Ricardo Nunes. Vimos os seus dois primeiros anos de mandato segurando o investimento público. No ano passado, mais ou menos 20% do valor que estava previsto foi utilizado. Agora, isso vai mudar, mas obviamente com pouquíssima participação popular na decisão de como investir. Diria que o primeiro desafio é como podemos lutar para que a participação popular sobre as decisões de investimentos públicos seja feita nos próximos dois anos. Sem contar a transparência. Além disso, uma questão que me preocupa muito é a prática de privatização de tudo que é direito público que a prefeitura tem feito. Na área da saúde, há muitas gestões municipais se tem privatizado a gestão da atenção primária. As Organizações Sociais de Saúde são o grande exemplo. Elas fazem a gestão hoje de praticamente todas as UBSs da cidade de São Paulo de uma maneira caótica e pouco transparente. Terrível mesmo. E a prefeitura já tem dado sinais de querer fazer isso com outras áreas. Neste exato momento, por exemplo, enfrentamos uma tentativa de privatização das Casas de Cultura da cidade. Também estamos vendo isso na educação básica e em várias outras áreas. Este ano vai ficar muito marcado pela batalha de quem vai gerir e dar as cartas na gestão do orçamento da cidade e no combate à privatização".

 

Milton Ferreira, vereador pelo PODEMOS:

"Na minha opinião o principal desafio a ser enfrentado pela Cidade de São Paulo e que certamente servirá de referência para todo território nacional será a questão dos moradores em situação de rua. Essa questão merece ser tratada por todas as secretarias municipais em uma força tarefa tendo em vista tratar-se de um problema de saúde pública. Penso também que o Projeto do Executivo de Revitalização do Centro de São Paulo será fundamental para que as mudanças se concretizem e traga para o Centro da Capital todo valor histórico que o mesmo merece".

Rodrigo Goulart, vereador pelo PSD:

"A chegada de um novo ano é certamente o anúncio de novos desafios, em sua maioria, essenciais e únicos, principalmente numa metrópole como São Paulo. Acredito que a prioridade em 2023 será concluirmos a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) de forma justa, atendendo as demandas de crescimento e desenvolvimento da cidade e da população. E nesse sentido, aperfeiçoarmos, também, a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), sempre em vista de que teremos junto ao Prefeito Ricardo Nunes e sua equipe um orçamento recorde para investimentos em obras na capital".


Rubinho Nunes, vereador pelo União Brasil:

"São Paulo é a maior cidade da América Latina e merece uma legislação de primeiro mundo. O município está em constante evolução e precisa de leis municipais que consigam acompanhar todo nosso dinamismo econômico. 

Em 2022 conseguimos avançar muitos projetos importantes.  Enquanto presidi a Reforma da Previdência conseguimos economizar R$ 111 bilhões aos cofres públicos. Também fico feliz de ter relatado a Comissão de Smart Cities (Cidades Inteligentes) na Câmara.
Queremos que a iniciativa privada aja conjuntamente com o Poder Público para que a cidade de São Paulo seja ainda mais dinâmica, inovadora e relevante no cenário brasileiro e internacional. O trabalho realizado na Câmara Municipal é peça fundamental para a modernização de nossa cidade!".

Sandra Tadeu, vereadora pelo União Brasil:

"Em 2023, para que todos os paulistanos tenham uma saúde pública de qualidade, é importante mais investimentos na ampliação dos atendimentos, com a abertura de novas Unidades Básicas, contratação de mais profissionais, entre eles médicos e enfermeiros, aumento da realização de exames e do número de vagas em hospitais. Essa expansão da oferta de serviços à saúde também deve ser levada para o atendimento aos animais de pessoas carentes. A Capital também precisa ampliar e capacitar o atendimento à mulher vítima de violência, com profissionais especializados. Na condição de vereadora, vou auxiliar a viabilizar essas atividades, por meio da apresentação de propostas de projetos de lei e de apoio à administração municipal".

Silvia Ferraro, vereadora pela Bancada Feminista, do PSOL:

"A cidade de São Paulo, que acaba de completar 469 anos, segue com um desafio histórico de acabar com sua profunda desigualdade social. Hoje, 48.261 pessoas vivem em situação de rua e há 684.295 famílias em situação de extrema pobreza.

A forma de enfrentarmos isso passa por uma abordagem humanitária sobre os temas de moradia – que atravessam o Plano Diretor que será debatido -, transporte, saúde, educação e o fortalecimento das políticas públicas que garantam qualidade de vida a essas pessoas. Junto com isso é necessária a aprovação de políticas que garantam direitos às mulheres, população negra e LGBTQIA+".